O secretário de Estado das Comunidades Portuguesas repudiou hoje a
proposta de um conselheiro das comunidades para que o ensino do português passe
a ser tutelado pela Cultura, considerando que tal "reduziria a importância"
dos emigrantes.
José Cesário reagia
assim à posição expressa recentemente pelo presidente da comissão de Língua,
Educação e Cultura do Conselho das Comunidades Portuguesas (CCP), Amadeu Batel,
que defendeu que "a diáspora deveria estar sob a tutela do ministério da
Cultura, quanto às questões da língua, da cultura e das políticas de
identidade".
Batel considrou que
"não faz sentido nenhum que [essas questões] sejam tuteladas pelo
ministério dos Negócios Estrangeiros e pelo [instituto] Camões, que tem vocação
para a afirmação do português como língua global e para a internacionalização
da língua portuguesa".
Em declarações à
Lusa, o governante considerou que esta posição reflete "um pensamento que
está situado no século passado".
O secretário de
Estado acusou Amadeu Batel de querer "reduzir a importância da área das
comunidades".
"Se ele
propusesse que as comunidades passassem a ser uma competência, por exemplo,
direta do primeiro-ministro ou da presidência do Conselho de Ministros, eu
ainda era capaz de compreender. Agora, remetê-las para a Cultura é diminuir a
importância desta área", sustentou.
As comunidades
estão sob a tutela do ministério dos Negócios Estrangeiros e "estão
tratadas", existindo "os instrumentos indispensáveis para a relação
com as entidades locais através da rede diplomática".
Para Cesário, esta
posição "não está ajustada aos tempos que correm".
"Quando se diz
que o ensino do português no estrangeiro tem de ser feito como se o português
fosse língua materna, é um erro terrível. Nenhum especialista do setor hoje
aceita isto, porque a esmagadora maioria das crianças e dos jovens que estão
sujeitos ao ensino do português nasceram no exterior. A língua que utilizam na
escola é a língua local", sublinhou.
O Governo tem
defendido um método misto de ensino do português, que é ensinado não como
língua estrangeira mas como a chamada língua de herança, "em que são
salvaguardadas as questões da origem e da herança, mas obviamente não é
excluído o facto de o português não ser, normalmente, a primeira língua".
Já o presidente da
comissão de Língua, Educação e Cultura do CCP subscreve "políticas que
privilegiem o português como língua materna, ou na perspetiva de língua de
herança, nos casos em que a socialização primeira das crianças é feita na
família".
© Lusa | Agencia de noticias de Portugal
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