Os portugueses que estão a viver no Brasil procuram passar o Natal
com os seus compatriotas, reproduzindo a tradição com muito bacalhau e
bolo-rei, embora alguns já comecem a habituar-se ao churrasco e panetone.
"Vou ficar [no
Natal] com uma amiga portuguesa, vamos fazer um jantar entre nós", diz à
agência Lusa o estudante português Jonathan Chave Ferreira, de 20 anos,
adiantando que o menu será bacalhau com natas.
A viver no Rio de
Janeiro há apenas três meses, e longe da família pela primeira vez, o jovem
prevê que o dia "será um pouco estranho", principalmente pela falta
da presença dos pais e dos dois irmãos, que já têm uma visita programada, mas
para o Carnaval.
Para amenizar a
distância, muitos recorrerão às tecnologias, como é o caso de Sara Teles
Almeida Rocha, de 26 anos, que irá passar o Natal deste ano no Rio de Janeiro
com nove amigos portugueses.
"Antes de
começarmos o jantar, ligamos o Skype e falamos durante algum tempo. No dia de
Natal também [nos ligamos], para falarmos sobre os presentes que
recebemos", conta Sara, que manterá a tradição portuguesa com um jantar de
bacalhau, batata e legumes cozidos.
Também no mundo
virtual, o grupo de portugueses no Rio de Janeiro, no Facebook, combinou uma
reunião natalícia para o passado sábado, com o objetivo de reunir o maior
número possível de compatriotas, antes do dia de Natal, quando cada um passará
apenas com os mais íntimos.
Para a escolha do
local e do tipo de festa, entre as opções estavam o brasileiríssimo
"churrasco", que por pouco não venceu como formato de celebração.
"Eu preferia
um churrasco, é mais informal, as pessoas estariam em pé conversando umas com
as outras, cada um levaria uma peça de carne e a bebida se compra no quiosque,
mas a questão foi quem assumiria a churrasqueira...", conta o
luso-brasileiro Marcelo Cerqueira, a viver no Rio de Janeiro desde 2010.
O Natal funciona
ainda como uma excelente desculpa para aqueles que já não aguentam as saudades
e querem um pretexto para atravessarem o Atlântico.
Esse é o caso de
Márcio Rodrigues Valente, de 20 anos, que chegou ao Brasil em 2011 e, depois de
passar o Natal com os tios, no ano passado, decidiu fazer uma surpresa à
família este ano.
"Não conhecia
as tradições do Brasil e até gostei [do Natal de 2012]. O mais diferente foi a
comida, não há o bacalhau. E a festa, porque costumamos estar sentados à mesa,
jantar, e aqui foi um pouco mais descontraído, um clima mais informal",
compara.
Natural de Aveiro,
Valente admite que sofreu um pouco nos primeiros meses com o choque cultural,
ao chegar com apenas 17 anos a uma cidade de mais de seis milhões de
habitantes.
Hoje, a viver em
Florianópolis, onde diz sentir-se "mais em casa", pela proximidade
com a cultura portuguesa, Valente comemora o objetivo alcançado, com a obtenção
da licença de piloto, e terá um merecido fim de ano perto da família.
"Este Natal
será em Portugal. Vou chegar a casa de surpresa, no dia do aniversário do meu
pai. Os meus amigos sabem, mas não contei à família, para ser surpresa",
diz.

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