[14/02/2014] Os estudantes voltaram a sair à rua na Venezuela, em protesto contra o
Governo, no dia em que a ONU e a Igreja pediram uma investigação à violência no
país.
Milhares de estudantes opositores do Governo do Presidente venezuelano,
Nicolás Maduro, voltaram a manifestar-se na capital, dias depois de outro
protesto ter terminado em violência.
Nicolás Maduro já apelou aos seus apoiantes para se manifestarem “pela
paz e contra o fascismo”.
Uma série de manifestações pró e contra Maduro, em vários locais do
país, segundo o balanço oficial, terminou com mortos, 66 feridos graves e 69
detidos, mas várias organizações não-governamentais apontam números superiores.
O Alto-Comissariado da Organização das Nações Unidas para os Direitos
Humanos já expressou a sua preocupação com a situação e pediu uma investigação
“imediata, exaustiva e imparcial” às mortes dos três manifestantes, verificadas
em Caracas, e ao uso excessivo da força.
“Milhares de pessoas das grandes cidades da Venezuela participaram nos
protestos contra a detenção de manifestantes estudantis, os altos índices de
criminalidade e as dificuldades económicas”, disse em conferência de imprensa o
porta-voz da agência da ONU, Rupert Colville.
Por seu turno, o presidente da Conferência Episcopal da Venezuela, Diego
Padrón, solicitou ao Governo que desarme “os grupos violentos”, ao referir-se
aos incidentes violentos de quarta-feira.
Padrón, arcebispo de Cumaná, no leste do país, acrescentou, em
declarações a jornalistas, que a pacificação é um processo que começa no
“reconhecimento mútuo dos adversários e continua com uma reconciliação”.
A Conferência Episcopal emitiu um comunicado, lido por Padrón, em que se
exige “uma investigação exaustiva e o castigo dos culpados, no marco da
Constituição e das leis, observando o devido processo judicial”.
Os bispos venezuelanos apelaram ainda aos “dirigentes de todos os
partidos e grupos, tanto sociais como políticos”, para que incentivem os seus
apoiantes a contribuir para a redução das tensões, o reconhecimento dos seus
adversários e a reconciliação mútua.
Nicolás Maduro criticou a cobertura dos protestos pela imprensa
estrangeira e determinou o encerramento da televisão por cabo NTN24, que emite
notícias 24 horas por dia, acusando-a de transmitir “o tumulto de um golpe” de
Estado.
O Presidente venezuelano acusou a Agência France Presse de manipulação:
“Há muita manipulação. Denuncio a Agência France-Presse. A AFP está a liderar a
manipulação.”
Acrescentou ainda que tinha ordenado ao ministro das Comunicações para
“tomar medidas e falar muito claramente aos correspondentes da AFP na
Venezuela”.
A diretora regional da AFP para a América latina, Juliette
Hollier-Larousse, disse que não percebia as observações de Nicolás Maduro:
“Estamos à espera de um encontro com as autoridades para saber mais”.
A empresa da rede social Twitter, sediada em San Francisco, comunicou
que a Venezuela estaria aparentemente a bloquear o envio de imagens através
desta plataforma pelos manifestantes.

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