Centenas de pessoas
participaram numa assembleia de cidadãos, em Caracas, convocada pela oposição
venezuelana, durante a qual questionaram as políticas governamentais desde a
chegada ao poder de Hugo Chávez, há 15 anos, a 02 de fevereiro de 1999.
Os opositores, que
contam com vários lusodescendentes, concentraram-se na praça Brión de Chacaíto,
na zona oriental de Caracas, e exibiram cartazes com frases de contestação às
limitações para se obter moeda estrangeira, à falta de energia, de medicamentos
e de outros produtos básicos, à desvalorização da moeda e à alta inflação,
assim como à insegurança, no país.
"As praças
públicas são a única janela que fica para expressar o desacordo com o desastre
da governação do país, porque a imprensa está sob pressão", disse um
lusodescendente à agência Lusa, para explicar as razões que o levaram até
aquela praça. "Estamos em crise pela insegurança, pela inflação, pela
falta de divisas. E, em nome do bem-estar do povo, os governantes tomam medidas
que só nos afetam, que nos limitam e já estamos cansados", acrescentou.
Durante a
iniciativa, que a oposição designou de primeira jornada para mudar o país, os
participantes deram opinião sobre as alternativas para a saída da crise e as
ações a desenvolver para "restabelecer" a democracia e promover uma
viragem de regime.
Uma marcha de
protesto, no próximo dia 12 de fevereiro, dia da juventude, marca o arranque
das iniciativas.
"É hora de nos
mobilizarmos pela nossa pátria e por um melhor destino", disse o presidente da Câmara Metropolitana de Caracas, o opositor AntónioLedezma. "Se não o fizermos, seremos responsáveis pela perda da nossa
democracia e pelo seu mais precioso bem, a liberdade", afirmou.
Ledezma insistiu
ainda na necessidade de defender a imprensa venezuelana do controlo que a
impede de obter papel para imprimir jornais, e de lutar para acabar com as
filas para se "comprar farinha ou leite" e de ter de se
"implorar a Deus para conseguir uma viagem aérea".
"Nos bairros
não há água, luz, nem boas escolas, nem serviços de saúde. Este governo quer
que nos resignemos às filas, à escassez, às migalhas, mas devemos dizer-lhe que
nos sobra dignidade, coragem, firmeza e capacidade ética para lutar",
disse Ledezma na sua comunicação.
O coordenador do
partido opositor Vontade Popular, Leopoldo López, por seu lado, apelou a que
"se levante a voz para dizer basta", sublinhando que "todos são
vítimas" e "burlados" pelo sistema.
Leopoldo López
alertou para o caminho a fazer, que "não será fácil", exigindo
organização. "Estamos iniciando uma etapa para procurar a saída. A
Constituição propõe-nos vários caminhos: a renúncia [do Chefe de Estado], uma
emenda constitucional, um referendo revogatório e uma constituinte",
disse.
"Isto é um
chamamento à rebeldia", disse a deputada Maria Corina Machado, que também
subscreveu a convocatória da reunião de hoje. "Não nos calarão",
garantiu. "Que nos chamem rebeldes, mas defendamos a Venezuela!"
Segundo a imprensa
venezuelana, as assembleias da oposição realizaram-se hoje em diferentes
cidades venezuelanas, entre as quais Maracaibo, Mérida e São Fernando de Apure.
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