O economista
luso-venezuelano Jesus Faria defendeu que a Venezuela deve avançar com medidas
políticas estratégicas para combater males que afetam a sua economia como a
especulação e o consumismo, o mais elevado da América Latina.
"Não é por
casualidade que aqui na Venezuela existem os maiores graus, não de consumo, mas
de consumismo de toda a América Latina, temos muito dinheiro e deteriorou-se a
cultura do investimento, da poupança e do trabalho", disse.
Jesus Faria é
deputado do Partido Socialista Unido da Venezuela (o partido do governo) e
acredita que o país tem "um consumo desaforado" que faz parte da cultura
dos consumidores venezuelanos, de uma estratégia para enriquecer alguns setores
da sociedade venezuelana.
"Faz parte de
uma estratégia de negócios, para que os empresários possam continuar
enriquecendo, acumulando fantásticas somas de dinheiro que tiram do país,
perante o despropósito ou perante a falta de propósito produtivo", disse.
No seu entender
"o parasitismo, o 'rentismo' (viver de rendas), a especulação e o
consumismo" só podem ser combatidos "com políticas e estratégias
dirigidas a esse elemento estrutural" e que gerem estímulo e poupança, que
dêem oportunidade aos trabalhadores para poupar.
"Tem que haver
instrumentos de poupança distintos das taxas de juros dos bancos, que são muito
baixas, para que os trabalhadores possam depositar o seu excedente aí e não se
deteriore com a inflação", frisou.
Segundo Jesus
Farias, estas medidas têm que ser aplicadas pelo governo mas para impulsar a
poupança "é importante que o povo venezuelano saiba todos os males"
que essas políticas visam atacar.
"A única
maneira de acabar com o consumismo, com o parasitismo, com o 'rentismo', entre
outras coisas é modificando as relações de poder, criando novas formas do
exercício do poder. Este Estado que em muitas ocasiões consente a burocracia e
a corrupção não tem capacidade de ir até a raiz, para atacar este
problema", frisou.
O economista
luso-descendente defende a criação de "novos mecanismos, com novos atores,
que não sejam os interessados no roubo, no desfalque, no saque da riqueza
pública, que assumam essa responsabilidade duma maneira muito mais
transparente".
"Há corrupção,
porque há corruptores, os grandes grupos económicos. Mas também porque há
funcionários públicos que se deixam corromper, é um tema ético
fundamental", acusou.
No seu entender
"é uma questão sumamente complexa que não é possível solucionar com
medidas pontuais", e para "atacar e vencer estes flagelos" são
necessários objetivos estratégicos.
"Que o povo
entenda isso, para que entenda a complexidade, não para que se desalente, mas
para que saiba que só com a sua incorporação (do povo) e o fortalecimento da
estratégia revolucionária que criou o comandante Chávez (Hugo) poderá sepultar
definitivamente estes males que geram distorções terríveis e danos muito
importantes na sociedade como a inflação e a especulação cambial", apelou.
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