O “melhor prémio
que Amália Rodrigues recebeu foi o reconhecimento e o aplauso do público”,
escreve Samuel Lopes, autor de um livro sobre a fadista, com quatro CD e 100
temas, agora publicado pela Sevem Muses.
Intitulada “Amália
Rodrigues - Antologia”, a obra é editada em português e inclui versões em
inglês, espanhol e francês, “de modo a facilitar a compreensão aos públicos
estrangeiros que continuam interessados em conhecer aquela que é um das nossas
maiores vozes de sempre”, explicou Samuel Lopes.
O autor, em
declarações à Lusa, reconhece que “é uma curta biografia, mas regista o
essencial de uma carreira fulgurante”.
“Por muito que se
escreva, muito mais ficará ainda por escrever sobre a senhora dona Amália, como
é conhecida no meio fadista, uma mulher que se deixou levar pela sua voz e que
marcou todos que com ela se cruzaram”, escreve o Samuel Lopes.
À Lusa, o autor
afirmou que esta “minibiografia” é “um ponto de partida, uma abordagem a uma
carreira longa e cheia, que poderá levar as pessoas a pesquisar mais”.
A biografia daquela
que “foi considerada o expoente máximo do fado” é traçada em grandes etapas,
desde a infância na década de 1920, no seio de uma família humilde com origens
na Beira Baixa, até à sua morte em outubro de 1999, celebrando 60 anos de
carreira artística que “tem inspirado todas as gerações que lhe seguiram”.
Samuel Lopes
qualifica Amália Rodrigues como “sublime fadista”, e traça o percurso daquela
que foi considerada, em 1959, pela revista norte-americana Variety, uma das
quatro melhores vozes do mundo.
No texto é referida
a ida a Madrid, as temporadas brasileiras, as presenças nos palcos
norte-americanos e mexicanos, a possibilidade de filmar em Hollywood, os
prémios no MIDEM, em Cannes, e o palco do Olympia que Amália considerou
“decisivo” para a sua carreira internacional, que a levaria aos teatros de
Israel ao Japão, e da ex-URSS à Argentina, passando pela China e pelo Líbano.
A obra inclui,
aliás, o concerto da fadista em 1957 naquele palco parisiense da rua das
Capucînes, o primeiro de muitos, tendo-se tornado figura habitual das
temporadas da sala gerida por Bruno Coquatrix, e posteriormente pelos
herdeiros.
Samuel Lopes divide
os quatro CD que integram a edição, cada um com 25 temas, em “Fado”, “Cinema e
Teatro”, “Fado e Canção” e “Olympia e Espanhol”.
Em “Fado”
registam-se temas de diferentes épocas da fadista, desde “Ai, Mouraria”, criado
no Brasil, de Amadeu do Vale e Frederico Valério, à canção de Coimbra com “Fado
Hilário”, passando por “Lago”, de Luís Macedo e Alain Oulman, e “Ave Maria
fadista”, de Gabriel de Oliveira e Francisco Viana.
O segundo CD,
“Teatro e Cinema”, regista alguns dos temas que a fadista criou como “Boa
Nova”, da revista homónima estreada em 1942, “Amor sou tua”, do filme “Sangue
Toureiro” e “Fado Malhoa”, da série de pequenos filmes realizados por Augusto
Fraga.
O CD “Fado e
Canção” inclui “Foi Deus”, de Alberto Janes, “Fado Xuxu”, criado no Brasil por
Amadeu do vale e Frederico, e ainda vários temas do repertório brasileiro como
“Trepa no coqueiro” e “Saudade de Itapuã”.
O último CD, além
do concerto no Olympia do qual se registaram 14 temas, entre ao quais “Uma casa
portuguesa” e “Fado Amália”, inclui 11 temas em espanhol como “Lerele”, “Don
triqui traque” e a ranchera mexicana “Fallaste corazón”.
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