A associação Mulher Migrante na Venezuela (MMV), advertiu que as novas
gerações de luso-venezuelanos estão a afastar-se das suas raízes e insiste na
importância de maior esforço de Portugal para reforçar relações com as comunidades.
"Observamos
que as novas gerações estão a afastar-se das raízes portuguesas. É por isso que
Portugal deve reforçar a relação ibero-americana, que deve passar pelo
fortalecimento nas áreas política e económica, mas também pelas educativa e
cultural", defende a MMV em comunicado.
Segundo a MMV
"se é bem certo que nos princípios da emigração portuguesa, no que se
refere à Venezuela, observamos a típica emigração da mala de cartão, a saudade
do país que deixaram para trás e da família que só voltariam a ver depois de
muitos anos, não é menos certo que esta emigração conseguiu inserir-se na
comunidade venezuelana e ultrapassar as barreiras culturais e linguísticas que
no início pareciam quase impossíveis".
A associação
adianta que "para poder falar da nova emigração é preciso rever a sua
história, para assim melhor compreender as mudanças que ao longo do tempo têm
vindo a suceder".
A MMV precisa que a
emigração sofreu alterações, referindo que se a aposta inicial "era
angariar o máximo de dinheiro no mínimo de tempo, para poder regressar, cedo
deu-se de conta de que esse projeto económico não era realizável no espaço de
tempo sonhado", uma situação que entrou "em conflito com outros
objetivos importantes" como "a formação escolar das crianças que exigia
o adiamento do regresso e obrigava a uma certa integração" e uma
"redistribuição de papéis na família à medida que as mulheres encontravam
formas de trabalho remunerado".
"A educação
familiar teve um peso significativo na formação e na vida das mulheres de
origem portuguesa, tendo muitas delas relatado que os pais eram severos e
austeros, ensinando principalmente os costumes da sociedade portuguesa, que
tiveram uma educação diferenciada em comparação aos irmãos", diz o
comunicado.
A MMV sublinha que
"as mulheres da segunda geração, que atingiram um nível educativo
superior, são pessoas na maioria das vezes com uma identidade ambígua, conhecem
bem os padrões da pátria dos seus pais, não partilham a sua rigidez, mas gostam
dos seus hábitos alimentares e das reuniões familiares aos domingos e nos dias
de festa".
"No entanto,
já não conseguem ter grande fluência na língua dos pais, limitando o seu
vocabulário ao indispensável para a comunicação doméstica. Isso traz como
consequência que seja mais fácil expressarem-se na língua do país onde vivem e
que muitas vezes já nem se identifiquem como portuguesas", conclui.
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