O Governo venezuelano alargou hoje as fiscalizações dos preços de
venda às lojas de telemóveis e de computadores, tendo detetado situações de
"usura" a nível dos distribuidores daquele produtos.
"Visitámos de
maneira aleatória cinco lojas. A margem entre o custo e o preço de venda está
entre 30 e 45% (...). Ficou-nos muito claro que o delito de usura está a
ocorrer. A partir de segunda-feira começarão as inspeções aos
distribuidores", disse o ministro de ciência e tecnologia, Manuel
Fernández.
Entretanto, o
vice-presidente da Venezuela, Jorge Arreaza, instou os distribuidores de
material telefónico e informático a acatar as instruções do Executivo e a
baixar os preços dos produtos.
Por outro lado, o
ministro de Agricultura e Terras, Yván Gil, anunciou que o Governo venezuelano
vai inaugurar, a 27 de dezembro, um novo sistema formal de distribuição de
hortaliças, no qual os produtores do campo poderão vender diretamente os seus
produtos.
"Vamos criar
um mercado alternativo para os retalhistas, para que todos os merceeiros e
comerciantes de supermercados possam comprar diretamente. Estamos decididos a
acabar com as máfias de intermediários que encarecem os alimentos", disse.
Segundo Hebert
Garcia Plaza, chefe do Órgão Superior para a Defesa da Economia, nas últimas
inspeções "53 pessoas foram detidas em flagrante, po usura descarada e
evasão de impostos". Foram efetuadas 157 denúncias ao Ministério Público.
Na Venezuela muitos
portugueses dedicam-se ao comércio de bens, dominando áreas como as dos
supermercados e com importante presença na produção e distribuição de produtos
agrícolas. São ainda proprietários, em menor grau, de lojas de distribuição de
alimentos, de ferragens eletrodomésticos e telemóveis.
Na última
sexta-feira, o presidente da Venezuela Nicolás Maduro deu instruções aos
organismos do país para serem "mais severos" nas inspeções e sanções
a estabelecimentos comerciais, no âmbito da luta contra a especulação e o
açambarcamento de produtos.
Em novembro último,
Nicolás Maduro, acusou os empresários venezuelanos de estarem envolvidos numa
"guerra económica" e sabotagem contra o seu Governo.
Por outro lado,
ordenou que as lojas de eletrodomésticos do país baixassem os preços, depois de
várias inspeções detetarem alegados "aumentos injustificados".
As inspeções
alargaram-se depois a outros setores, como produtos alimentares, automóveis,
calçado, têxteis, brinquedos e alugueres, com o Governo venezuelano a anunciar
que se prepara para regular os preços e margens de lucro de todos os produtos e
serviços do país.
Milhares de pessoas
acorreram durante vários dias seguidos às lojas, fazendo aumentar as queixas
dos cidadãos de dificuldades em obter alguns produtos essenciais.
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