A oposição
venezuelana celebrou com entusiasmo o anúncio de que o ex-chefe de governo
espanhol Felipe González se dispõe a participar na defesa de Leopoldo López e
Antonio Ledezma, dois de seus líderes, que continuam presos. Os principais
porta-vozes da oposição classificaram a decisão de Felipe González como um
indício do renovado interesse da comunidade internacional pela crise
sul-americana, que ontem viveu um novo episódio.
Uma das filhas de Ledezma foi retida no aeroporto internacional de Maiquetia por uma operação antidrogas. Apesar da confusão inicial, e embora seu passaporte tenha sido retido, finalmente acabou sendo devolvido e ela foi liberada uma hora depois.
Uma das filhas de Ledezma foi retida no aeroporto internacional de Maiquetia por uma operação antidrogas. Apesar da confusão inicial, e embora seu passaporte tenha sido retido, finalmente acabou sendo devolvido e ela foi liberada uma hora depois.
Para Lilian
Tintori, a esposa de Leopoldo López, preso há mais de um ano na prisão militar
de Ramo Verde, é “uma honra contar com uma figura de escala internacional como
o ex-chefe de governo Felipe González”. “Estamos esperando por ele”, comentou.
Além disso, o coordenador da Mesa da Unidade Democrática, que aglutina os
diferentes partidos opositores, Jesús Torrealba, considera que a decisão de
González significa que “o mundo está sentindo que a situação na Venezuela é
insustentável”.
Por outro lado, a
ex-deputada María Corina Machado assegurou que o fato de que Felipe González
tenha assumido a causa “demonstra até que ponto está mudando a perceção da
crise na comunidade internacional”. “Hoje sabemos que contamos com os
democratas espanhóis. Leopoldo López, Antonio Ledezma, Daniel Ceballos e todos
os presos políticos não representam somente uma parte da sociedade, mas as
lutas de um povo que está enfrentando uma ditadura que possui conexões com o
crime organizado. Nosso mais profundo agradecimento a ele”, acrescentou
Machado. “O significado da figura de Felipe González para a Venezuela não é
menor. Conhecemos sua longa relação e estreita amizade com os democratas deste
país e seu papel crucial na transição espanhola, suas lutas pelos direitos
humanos e a democracia”, continuou.
A decisão de Felipe
González recebeu o respaldo de diversos líderes latino-americanos. “Apoio por
completo a iniciativa de Felipe González de assumir a defensa de Leopoldo López
e do Presidente da Camara Antonio Ledezma”, afirmou o ex-presidente brasileiro
Fernando Henrique Cardoso: “Chegou a hora de que as vozes democráticas e
especialmente os Governos democráticos da América Latina protestem contra os
abusos praticados pelo Governo da Venezuela. A falta de respeito aos direitos
humanos das vítimas constitui uma afronta política para todos”, acrescentou. Henrique
Cardoso enfatizou que os líderes presos são “lutadores pacíficos em prol do que
eles consideram o melhor para seu país, com a agravante de que um foi eleito
pelo voto do povo e o outro é o líder nacional de seu partido. Os que amam as
liberdades democráticas não podem se calar. É hora de que seja feita justiça na
Venezuela com a liberação de Leopoldo López e de Antonio Ledezma, assim como
das outras vítimas da intolerância antidemocrática”, concluiu.
O ex-mandatário
chileno Ricardo Lagos também aplaudiu a decisão de Felipe González. “Segue
consequentemente o que foi sua vida em todos estes anos”, enfatizou Lagos, membro
do Clube de Madri, que lembrou: “Em 1977, Felipe González chegou ao Chile para
interceder por dois presos políticos de Augusto Pinochet, Erick Schnake e
Carlos Lazo. Foi uma visita bem-sucedida. Agora, tantos anos depois, frente a
uma situação complexa e difícil como a da Venezuela, onde a solução precisa ser
política, Felipe González, refaz o mesmo caminho. Desejamos que tenha sucesso”,
acrescentou Ricardo Lagos.
Também se
pronunciou o secretário-geral da Organização de Estados Americanos (OEA), o
chileno José Miguel Insulza: “Acho que seria bom para o diálogo e a
reconciliação na Venezuela se López e outros detidos fossem julgados em
liberdade”, comentou, seguindo a linha do Departamento de Estado do Governo dos
Estados Unidos, lembrando que pediu ao venezuelano que permita a todos os
detidos, “inclusive Leopoldo López e Antonio Ledezma, as proteções legais e
julgamentos justos às quais têm direito”.
O também
ex-presidente chileno Sebastián Piñera comemorou a notícia: “Felipe González
vai contribuir para que o mundo possa conhecer a grave e profunda crise que a
Venezuela está enfrentando. Além disso, sua participação será um incentivo para
que este silêncio, indiferença ou cumplicidade com que muitos Governos
enfrentaram a crise da Venezuela, comece a terminar”.
Sebastián Piñera,
junto com o ex-presidente da Colômbia, Andrés Pastrana, viajou em janeiro para
Caracas para visitar o líder opositor Leopoldo López na prisão, mas a polícia
da Venezuela proibiu a entrada. Maduro criticou a viagem dos ex-presidentes,
que conseguiram se reunir com vítimas de violações aos direitos humanos,
jornalistas e participaram de um seminário sobre a democracia e o futuro do
país. “Conseguimos observar com nossos próprios olhos o que está acontecendo
para expressar com força e clareza nossa opinião”, apontou o ex-mandatário
chileno.
Além de oferecer
toda a colaboração a Felipe González, Sebastián Piñera afirma que a proteção
legal que ele oferecerá a Leopoldo López e Antonio Ledezma é um gesto
importante: “O fato de que um ex-chefe de governo espanhol e ex-líder do PSOE
assuma a defesa de dois presos políticos da Venezuela é um símbolo muito
forte”, destacou. Para Sebastián Piñera, “todos os governos da América Latina
deveriam levantar suas vozes de maneira forte e clara. Não estamos falando de
política nem apoiando um regime de esquerda nem de direita, mas defendendo a
democracia, a liberdade, os direitos humanos, que são valores que não
reconhecem fronteiras”.
Às felicitações
se uniu o ex-presidente do Peru, Alejandro Toledo: “Tem nosso apoio”, assegurou
o ex-mandatário, que, sobre a situação da Venezuela, comentou: “Não é
suficiente ter sido eleito democraticamente com os votos, é indispensável
governar democraticamente”. “A situação da Venezuela está piorando, em grande
parte, porque chefes de Estado em exercício e também alguns ex-mandatários ficam
em silêncio e se tornam cúmplices das atrocidades do senhor [Nicolás] Maduro,
violando os princípios básicos da democracia: a liberdade de expressão, os
direitos humanos, a independência dos poderes, a forte repressão aos jovens”.
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Prensa Internacional com © El Pais / Brasil
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