PortuNoticias | A oposição venezuelana aplaude a intervenção de Felipe González

domingo, 29 de março de 2015


A oposição venezuelana celebrou com entusiasmo o anúncio de que o ex-chefe de governo espanhol Felipe González se dispõe a participar na defesa de Leopoldo López e Antonio Ledezma, dois de seus líderes, que continuam presos. Os principais porta-vozes da oposição classificaram a decisão de Felipe González como um indício do renovado interesse da comunidade internacional pela crise sul-americana, que ontem viveu um novo episódio. 

Uma das filhas de Ledezma foi retida no aeroporto internacional de Maiquetia por uma operação antidrogas. Apesar da confusão inicial, e embora seu passaporte tenha sido retido, finalmente acabou sendo devolvido e ela foi liberada uma hora depois.

Para Lilian Tintori, a esposa de Leopoldo López, preso há mais de um ano na prisão militar de Ramo Verde, é “uma honra contar com uma figura de escala internacional como o ex-chefe de governo Felipe González”. “Estamos esperando por ele”, comentou. Além disso, o coordenador da Mesa da Unidade Democrática, que aglutina os diferentes partidos opositores, Jesús Torrealba, considera que a decisão de González significa que “o mundo está sentindo que a situação na Venezuela é insustentável”.

Por outro lado, a ex-deputada María Corina Machado assegurou que o fato de que Felipe González tenha assumido a causa “demonstra até que ponto está mudando a perceção da crise na comunidade internacional”. “Hoje sabemos que contamos com os democratas espanhóis. Leopoldo López, Antonio Ledezma, Daniel Ceballos e todos os presos políticos não representam somente uma parte da sociedade, mas as lutas de um povo que está enfrentando uma ditadura que possui conexões com o crime organizado. Nosso mais profundo agradecimento a ele”, acrescentou Machado. “O significado da figura de Felipe González para a Venezuela não é menor. Conhecemos sua longa relação e estreita amizade com os democratas deste país e seu papel crucial na transição espanhola, suas lutas pelos direitos humanos e a democracia”, continuou.

A decisão de Felipe González recebeu o respaldo de diversos líderes latino-americanos. “Apoio por completo a iniciativa de Felipe González de assumir a defensa de Leopoldo López e do Presidente da Camara Antonio Ledezma”, afirmou o ex-presidente brasileiro Fernando Henrique Cardoso: “Chegou a hora de que as vozes democráticas e especialmente os Governos democráticos da América Latina protestem contra os abusos praticados pelo Governo da Venezuela. A falta de respeito aos direitos humanos das vítimas constitui uma afronta política para todos”, acrescentou. Henrique Cardoso enfatizou que os líderes presos são “lutadores pacíficos em prol do que eles consideram o melhor para seu país, com a agravante de que um foi eleito pelo voto do povo e o outro é o líder nacional de seu partido. Os que amam as liberdades democráticas não podem se calar. É hora de que seja feita justiça na Venezuela com a liberação de Leopoldo López e de Antonio Ledezma, assim como das outras vítimas da intolerância antidemocrática”, concluiu.

O ex-mandatário chileno Ricardo Lagos também aplaudiu a decisão de Felipe González. “Segue consequentemente o que foi sua vida em todos estes anos”, enfatizou Lagos, membro do Clube de Madri, que lembrou: “Em 1977, Felipe González chegou ao Chile para interceder por dois presos políticos de Augusto Pinochet, Erick Schnake e Carlos Lazo. Foi uma visita bem-sucedida. Agora, tantos anos depois, frente a uma situação complexa e difícil como a da Venezuela, onde a solução precisa ser política, Felipe González, refaz o mesmo caminho. Desejamos que tenha sucesso”, acrescentou Ricardo Lagos.

Também se pronunciou o secretário-geral da Organização de Estados Americanos (OEA), o chileno José Miguel Insulza: “Acho que seria bom para o diálogo e a reconciliação na Venezuela se López e outros detidos fossem julgados em liberdade”, comentou, seguindo a linha do Departamento de Estado do Governo dos Estados Unidos, lembrando que pediu ao venezuelano que permita a todos os detidos, “inclusive Leopoldo López e Antonio Ledezma, as proteções legais e julgamentos justos às quais têm direito”.

O também ex-presidente chileno Sebastián Piñera comemorou a notícia: “Felipe González vai contribuir para que o mundo possa conhecer a grave e profunda crise que a Venezuela está enfrentando. Além disso, sua participação será um incentivo para que este silêncio, indiferença ou cumplicidade com que muitos Governos enfrentaram a crise da Venezuela, comece a terminar”.

Sebastián Piñera, junto com o ex-presidente da Colômbia, Andrés Pastrana, viajou em janeiro para Caracas para visitar o líder opositor Leopoldo López na prisão, mas a polícia da Venezuela proibiu a entrada. Maduro criticou a viagem dos ex-presidentes, que conseguiram se reunir com vítimas de violações aos direitos humanos, jornalistas e participaram de um seminário sobre a democracia e o futuro do país. “Conseguimos observar com nossos próprios olhos o que está acontecendo para expressar com força e clareza nossa opinião”, apontou o ex-mandatário chileno.

Além de oferecer toda a colaboração a Felipe González, Sebastián Piñera afirma que a proteção legal que ele oferecerá a Leopoldo López e Antonio Ledezma é um gesto importante: “O fato de que um ex-chefe de governo espanhol e ex-líder do PSOE assuma a defesa de dois presos políticos da Venezuela é um símbolo muito forte”, destacou. Para Sebastián Piñera, “todos os governos da América Latina deveriam levantar suas vozes de maneira forte e clara. Não estamos falando de política nem apoiando um regime de esquerda nem de direita, mas defendendo a democracia, a liberdade, os direitos humanos, que são valores que não reconhecem fronteiras”.

Às felicitações se uniu o ex-presidente do Peru, Alejandro Toledo: “Tem nosso apoio”, assegurou o ex-mandatário, que, sobre a situação da Venezuela, comentou: “Não é suficiente ter sido eleito democraticamente com os votos, é indispensável governar democraticamente”. “A situação da Venezuela está piorando, em grande parte, porque chefes de Estado em exercício e também alguns ex-mandatários ficam em silêncio e se tornam cúmplices das atrocidades do senhor [Nicolás] Maduro, violando os princípios básicos da democracia: a liberdade de expressão, os direitos humanos, a independência dos poderes, a forte repressão aos jovens”.

#PortuNoticias Prensa Internacional com © El Pais / Brasil
■ Somos vetores na divulgação de valores lusos em Venezuela com #PortuNoticias Prensa Internacional e #RadioNavegante ■ Redes sociais: #PortuNoticias
Compartilhe este artigo :

0 comentarios:

Que opinas deste artigo?

Diz-nos o que pensas...

 
Suporte técnico: © Adé Caldeira | Creador Website
Copyright © 2013 PortuNoticias - Todos os direitos reservados
Creado por PortuNoticias Prensa Internacional
Facebook: PortuFacebook