A agência de notação Standard & Poor’s retirou a observação negativa
do risco da dívida portuguesa ('creditwatch' negativo), mas manteve uma
perspetiva negativa devido a riscos de instabilidade política e social.
O anúncio da agência de ‘rating’, hoje divulgado, significa que a
Standard & Poor’s não deverá fazer alterações na classificação do país no
curto-prazo, já que manteve o nível “BB” atribuído a 13 de janeiro de 2012.
A S&P tinha colocado a dívida soberana de Portugal em observação
negativa, admitindo que podia descer ainda mais o ‘rating’, mas hoje anunciou a
decisão de manter a classificação devido “à estabilização da economia desde
meados de 2013” e ao facto de estimar que as metas do défice sejam cumpridas
este ano.
O ‘rating’ poderá ainda alterado nos próximos seis a 24 meses.
A S&P tinha colocado a classificação do país em ‘creditwatch’
negativa a 18 de setembro.
A dívida de Portugal também é avaliada como lixo pela Moody’s Investors
Service e Fitch Ratings.
A S&P justificou a sua decisão alegando que o desempenho da economia
portuguesa tem sido “mais forte do que o esperado”, com um “inesperado
crescimento do consumo privado e uma ligeira queda do desemprego”.
“Portugal emergiu, no segundo trimestre do ano passado” da mais longa
recessão que registou nos últimos 25 anos, mas o primeiro-ministro ainda tem de
cortar os gastos do Estado em 3,2 mil milhões de euros este ano, para cumprir
as metas do plano de resgate”, avisa a agência de ‘rating’.
Para a S&P, "Portugal deverá atingir o seu objetivo orçamental
de 5,5% do PIB em 2013 e aproximar-se da meta de 4% em 2014" a avaliar
pelos “sinais de estabilização da economia desde meio de 2013, depois de dez
trimestres consecutivos de contração”.
No entanto, justifica a agência, a perspetiva negativa da dívida
portuguesa será mantida devido aos “riscos sociais e políticos associados aos
esforços de desalavancagem tanto do setor público como do setor privado".
A poucos meses do final do programa de resgate, através do qual a
‘troika’ da Comissão Europeia, Fundo Monetário internacional e Banco Central
Europeu atribuiu 78 mil milhões a Portugal, o país está a tentar voltar a ter
acesso completo aos mercados de dívida.
Na semana passada, Portugal realizou a sua primeira oferta de dívida nos
últimos oito meses, conseguindo arrecadar 3,25 mil milhões de euros a uma taxa
de juro de 4,657%.
A procura por esta dívida foi de cerca de 11,2 mil milhões de euros para
os 3,25 mil milhões de euros colocados, mais de três vezes a oferta, sendo a
dívida comprada na sua grande maioria por investidores estrangeiros.
Na quarta-feira, Portugal colocou em leilão obrigações do Tesouro, tendo
obtido o montante que previa: 1,25 mil milhões de euros.
De acordo com o programa de financiamento da Agência de Gestão da
Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP), as necessidades de financiamento
líquidas do Estado rondam os 11,8 mil milhões de euros este ano.
Este financiamento será conseguido, para além da ajuda financeira da
‘troika’, através da emissão de entre 11 e 13 mil milhões de euros de dívida a
médio longo prazo, com leilões ou mais operações sindicadas de obrigações do
tesouro, cujo calendário ainda não foi divulgado.

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