A falta de lugares nos voos internacionais a partir da Venezuela, em
particular com destino a Portugal, apanhou de surpresa a comunidade portuguesa
local, por entre manifestações de "preocupação" e
"incredulidade".
"Tive sorte e
consegui um bilhete para junho (de 2014), porque um amigo de uma agência de
viagens advertiu-me do que estava a acontecer, mas há muita gente que está a
ser apanhada de surpresa", disse à Agência Lusa uma representante da
secção Venezuela do Conselho das Comunidades Portuguesas.
Segundo Maria
Lourdes de Almeida, atualmente "há um défice muito grande de lugares, as
linhas aéreas internacionais estão com quase tudo vendido até finais de 2014 e
as pessoas estão a planificar e comprar as viagens até com um ano de
antecipação".
A conselheira das
comunidades adiantou que em 2013 viajou para Portugal "por 14 mil
bolívares (1.634,00 euros), já com os impostos incluídos" mas que agora
teve "de pagar 27.000 mil bolívares (3.151,00 euros), pela mesma viagem e
com muito mais antecipação".
A conselheira diz
ter ouvido manifestações de "preocupação" da comunidade com relação à
falta de lugares, mas também de "incredulidade, porque há pessoas a quem
custa acreditar que isto esteja a acontecer".
"Já no ano
passado houve muita procura, mas a situação intensificou-se. Há algmas pessoas
que estão apreensivas, porque se questionam sobre o que acontecerá em caso de
situações familiares de emergência", frisou Maria Lourdes de Almeida.
Um agente de
viagens explicou à Agência Lusa que um dos motivos da alta procura, é porque as
"pessoas percebem pouca estabilidade no bolívar (a moeda venezuelana) e
desde há vários meses que acreditam que haverá em breve uma forte
desvalorização".
"Comprar com
bastante antecipação dá a possibilidade de conseguir lugar nas classes mais
económicas, mas também de proteger-se e poupar um pouco", frisou.
O mesmo agente
explicou que "há destinos para onde as coisas são mais complicadas do que
para Portugal, sobretudo nos voos para o continente americano" o que leva
a que esforços adicionais das agências de viagens. Na Venezuela está vigente,
desde 2003, um sistema de controlo cambial que impede a livre obtenção de moeda
estrangeira.
Antes de viajarem,
os passageiros têm de se dirigir à Comissão de Administração de Divisas que
autoriza a atribuição de até 3.500 dólares anuais (conforme o destino) para
compras com cartão de crédito durante as viagens ao estrangeiro.
Segundo a imprensa
venezuelana alguns cidadãos optam por viajar para países da América Latina, com
o propósito de fazer turismo, mas também de regressar ao país com algumas
divisas, que em muitos casos acabam no mercado paralelo onde a cotação chega a
ser até dez vezes superior ao valor oficial de 6,30 bolívares por cada dólar
norte-americano.

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