O presidente da Venezuela,
Nicolás Maduro, anunciou no sábado que seu governo irá retirar do ar os sites de
internet que publicam a cotação do dólar paralelo com o objetivo de combater
especulações em um país onde existe um forte controle
cambial.
"Estamos retirando do ar os
sites 'dólar today', 'tucadivi.com', 'lalechugaVerde.com',
'dolarparalelovenezuela.com', 'dolarparalelo.org', 'preciodolar.info' e
'dolarparalelo.tk'. Estão fora do ar, fora", declarou Maduro na noite de sábado
em um discurso público, ao enumerar os sites atingidos pela
decisão.
Embora a lei venezuelana
proíba, estes sites publicam de maneira permanente a cotação do chamado dólar
paralelo, a moeda americana que é comercializada de maneira ilegal na Venezuela
e que supera em mais de oito vezes o preço oficial do
dólar.
A Venezuela aplica desde
2003 um rígido controle cambial e a única forma de adquirir dólares é mediante a
chamada Comissão de Administração de Divisas (Cadivi), que o vende a 6,30
bolívares, ou em leilões do Banco Central, nos quais o dólar é adquirido a entre
10 e 12 bolívares.
"É um dólar fantasma, um
dólar falso, que nos impuseram como parte da guerra econômica", declarou Maduro,
que anunciou esta medida como parte de uma série de ações para combater uma
suposta estratégia de empresários ligados à oposição que buscaria o colapso
total do governo venezuelano.
Este tipo de sites existem
há vários anos e, embora o governo consiga retirá-los do ar, eles reaparecem sob
outros nomes.
Desde sexta-feira,
funcionários do governo realizaram diferentes inspeções em estabelecimentos
comerciais de Venezuela, principalmente dedicados à venda de eletrodomésticos, e
aplicaram sanções por considerar que elevam os preços de forma
injustificada.
Segundo Maduro, os gerentes
destas lojas "todos os dias consultam o chamado dólar paralelo" para elevar os
preços de suas mercadorias.
O presidente também
denunciou que alguns empresários solicitam dólares a preço oficial e
posteriormente os revendem no mercado negro, o que estaria contribuindo para a
recuperação do mercado paralelo.
Empresários e analistas
econômicos argumentam, por sua vez, que nos últimos meses a entrega de divisas
por parte do governo atrasou, o que disparou o mercado negro a ponto de superar
em oito vezes a taxa oficial, enquanto em abril, quando Maduro assumiu, ela era
três vezes maior.
A Venezuela, o maior
produtor de petróleo sul-americano e que importa a grande maioria dos alimentos
e dos produtos que consome, atravessa uma grave crise econômica marcada por uma
inflação que em outubro fechou em 54,3%, em números
anuais.
[com
AFP]
© Adé
Caldeira
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