[17/02/2014] O fotógrafo freelancer português Eduardo Leal, detido na Venezuela
quando cobria uma manifestação da oposição, foi “maltratado por homens
fardados” e ouvido no departamento "anti-terrorismo" da polícia
venezuelana, disse o seu advogado.
"Acompanhei-o ao departamento de anti-terroismo do Corpo de
Investigações Científicas e Criminalísticas (CICPC, antiga Polícia Técnica
Judiciária) e depois de fazer valer os direitos dele, porque não queriam que
fosse acompanhado por um advogado, esperei que fosse chamado e
entrevistado", disse Inácio Pereira.
O advogado explicou que o interrogatório, que presenciou, "foi um
procedimento normal para estes casos".
"Ele não tinha telefone, disse-me que tinha perdido a câmara
fotográfica e o telemóvel. Também [disse] que tinha sido bastante maltratado
por umas pessoas que não conseguiu identificar, mas que estavam fardadas de
preto e tinham colete anti-balas", frisou.
Questionado sobre se os agressores do fotógrafo português seriam
polícias, o advogado explicou que Eduardo Leal "não pôde identificá-los”,
mas admitiu que "se lhe puseram algemas e o levaram para a polícia
judicial, em Parque Carabobo (centro de Caracas), deviam ser polícias".
Inácio Pereira precisou que soube do caso porque foi contatado pelo
Consulado Geral de Portugal em Caracas.
Segundo o advogado, o fotógrafo esteve detido entre as 17:00 locais
(21:30 em Lisboa) da última quarta-feira e as 03:00 locais (07:30) de
quinta-feira.
"Ele estava bastante magoado, tinha um olho magoado, também as
mãos, onde colocaram as algemas, e os braços. Disse-me que tinha as pernas
bastante inchadas e quase não podia andar", explicou.
Segundo o Sindicato Nacional de Trabalhadores da Imprensa (SNTP) venezuelano,
11 jornalistas foram detidos e pelo menos 20 ficaram feridos, entre
quarta-feira e domingo, quando faziam a cobertura de protestos da oposição.
Num comunicado divulgado em Caracas, o SNTP faz um balanço da situação
dos jornalistas, precisando que "cinco foram espancados e feridos pela
Guarda Nacional e cinco foram roubados por funcionários dos mesmos corpos de
segurança, que além de lhes tirarem o material e o equipamento de trabalho,
também os deixaram sem objetos pessoais, como os telemóveis".
Os opositores protestam contra o Governo do Presidente Nicolás Maduro.
0 comentarios:
Que opinas deste artigo?
Diz-nos o que pensas...